sábado, 23 de maio de 2009

Encontro na Noite Escura

Era uma noite escura e chuvosa. O brilho que emanava outrora da lua, agora fora coberto por densas nuvens, tão negras como carvão. A única luz visível era dos fortes relâmpagos, que de tão intensos, davam a impressão de que os céus estavam tirando fotografias da pequena vida terrena. Cada vez que um raio caia, emitia um imenso barulho, que dava a sensação que a Terra estava se partindo em duas. O forte vento misturado com o frio fazia-me sentir como se estivesse levando chibatadas de um chicote em chamas, pois me queimava a pele.

Este era o cenário em que me encontrava, fustigado pela extrema força da natureza (que em muito excede a humana) e, pela fome. Estava fraco, impotente perante a situação; lembro-me de perder toda a esperança de continuar minhas viagens. Foi então, que um raio cortou o céu e, pude ver uma sombra com aspecto humano aproximar-se de mim. A cada clarão, esta sombra estava cada vez mais próxima, porém, por estar tão fraco, não a pude reconhecer. Desmaiei.

Ao acordar, uma sensação de paz e conforto estava começando a reaparecer e, aos poucos foi renovando minhas esperanças. Uma quentura branda estava emanando de uma fogueira cujas chamas pareciam dançar alegremente. Com a claridade, percebi que estava dentro de uma caverna e, que a forte chuva ainda estava a cair lá fora. Mas, "como pude parar dentro dela? Quem preparou esta fogueira?", pensei. Foi então que me lembrei da sombra que vi do lado de fora, antes de desmaiar.

Passados poucos minutos, notei que ao canto, bem ao fundo da caverna, estava a "sombra" que me ajudara. Estava preparando algo. Não pude levantar, pois meu corpo ainda estava bastante machucado devido às queimaduras feitas pelo frio. Contudo, mansamente, a sombra veio em minha direção e, à luz da fogueira, pude vê-la melhor. Era um homem, que a julgar pelas roupas, era viajante como eu, era simples, mas transmitia-me uma paz sem igual. Seus olhos eram mais ardentes que o sol em seu completo esplendor; sua presença mais suave que o branco mais puro das rosas do campo. Disse-me que preparara remédio para minhas queimaduras e, ao falar, percebi que sua voz era mais bela que a mais perfeita sinfonia já tocada. Tratou-me com amor que jamais vi e, deu-me de comer de sua comida. Ficamos um bom tempo conversando.

Ao passarmos tempo conversando, percebi que pelo seu modo de tratar e de falar não era viajante comum. Foi então que me contou tudo, que Ele era Rei de outro Reino, um Reino Eterno. A princípio, não acreditei, pois a julgar pelas suas vestes, não passava de um andarilho, contudo, ele me falou sobre um passaporte para seu Reino, o qual, no tempo devido, permitiria que pudéssemos viver em Seu palácio, junto com outros viajantes que Ele acolhera e ajudara pelo caminho. Estava falando a verdade, de fato, parecia que eu estava falando face a face com a Verdade. Aceitei Seu convite (de no determinado tempo, ao fim de minhas viagens nesta Terra, morar em Seu palácio). No entanto, fiquei muitíssimo constrangido pelo favor que este “Viajante-Rei” me fez, pois, além de ajudar-me no estado em que me encontrara, sujo de lama e machucado, deu-me entrada para Seu Reino, isso tudo sem que eu, de mim mesmo, merecesse algo.

Maravilhosa conversa que tivemos, tanto que não notei que, à medida que estávamos conversando, a tempestade estava a diminuir. Realmente, este encontro me deu forças, ânimo e esperanças para prosseguir viagem. Ao final, deu-me o passaporte para Seu palácio e, deu-me também um conselho, para rumar à Terra dos Sonhos. Como a tempestade havia passado e minhas feridas tratadas por Ele, decidimos então partir para nossos objetivos: Ele me disse que estaria a andar para ajudar mais viajantes e, quanto a mim, decidi seguir Seu conselho e, rumei a Terra dos Sonhos.

Um comentário:

  1. Que bom que você resolveu seguir viajem e não ficou estagnado a contar histórias como eu...
    Que bom que você teve esse encontro!
    Continue andando.

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