segunda-feira, 8 de junho de 2009

Canção do Deserto

Meu castelo de areia,
Tão grande quanto o mar,
Construí-te grão por grão
Até mui feliz ficar.

Feitos os firmamentos
Disse: "De pé pra sempre vai ficar,
És tão belo
Que não ousarias desmoronar."

Dias felizes no castelo passei,
Quantas histórias e canções
Sobre ti já não contei?!
Seu esplendor para mim não guardei,
Antes para muitos e muitos o contei.

Porém, cruel é o tempo
Que passa
E, qualquer estrutura abala
Sem sequer deixar sinal.

Pensei que estavas firme
Mas para este fato não atentei,
Que grão por grão ia ruindo
A perfeita estrutura que montei.

Bem, o inevitável aconteceu,
Mesmo estando no deserto,
Quem diria? Sim, choveu!
Como estavas fraco,
De uma vez só foi abalado.

Num instante desapareceu,
Deixando somente marcas
Da felicidade que me deu.
"Como pode, desapareceu?"

Porém, a chuva que caia
De forma alguma conseguia
Apagar aquilo que eu construira.
Cada gota, apenas mais tristeza me trazia.

Mas, mesmo destruindo aquilo que mais zelava
A dona chuva um novo caminho me apontara,
Pois formara um rio corrente,
Que de maneira surpreendente me mostrara
Um novo caminho sobre o sol nascente.